SUSTENTABILIDADE NA MODA

09:30:00

Escrito por Alessandra Poleti 



Nossa postagem de hoje é bem longa e tentei resumir ao máximo minhas pesquisas e estudos, mas é necessária e bem interessante para entendermos um pouco sobre a moda sustentável, e que vem ganhando a cada dia seu espaço. Devemos pensar e refletir sobre este assunto não porque sustentabilidade ta na moda, mas porque é realmente importante para nosso futuro.
A moda sustentável é aquela que em todas as suas etapas, preza pelo respeito ao meio ambiente e à sociedade mas valorizando as pessoas envolvidas na produção e incentivando o consumo consciente. Ela consiste basicamente em utilizar materiais recicláveis ou que sejam menos agressivos ao meio ambiente do que os tradicionais.
Pode ser resumida em quatro pilares:
Social: que possua uma relação com o indivíduo e que se preocupe com a cadeia produtiva do pré-consumo, ou seja, quem produziu, onde, como e sob quais condições de trabalho;
Cultural: que tenha ligação com as raízes e origens da peça;
Ecológica: que busque alternativas de menor impacto negativo no meio ambiente;
Econômica: que gera renda, baixo custo na produção, reaproveitamentos e que proporcione desenvolvimento local.
 



Sustentabilidade é fazer mais com menos

A moda sustentável vem começando a ocupar papel de destaque no cenário da moda, principalmente porque deixou de ser produzida por marcas desconhecidas e ganhou etiqueta de grifes renomadas. Já tem um certo tempo que as indústrias tentam encontrar um jeito de produzir peças sem explorar os recursos naturais, mas só recentemente tornou-se possível fazer roupas que caíssem no gosto do consumidor e aliassem palavras tão dissonantes como design, tecnologia e ecologia. Agora, as três foram parar na mesma máquina de costura.
Orgânico é outra palavra de destaque nesse segmento. Primeiro foram os alimentos e agora serve também para tratar as fibras que se transformam em tecidos. Para serem classificados como orgânico, algodão, juta e bambu devem ser produzidos sem o uso de inseticidas ou pesticidas. Para ter uma ideia do que isso significa, o cultivo de algodão pelo sistema convencional consome um quarto do inseticida produzido no mundo. Na versão orgânica, alguns agricultores usam água reciclada nas plantações para diminuir ainda mais o impacto ambiental.
A maior novidade, no entanto, são as roupas produzidas com material reciclável. Onde as estrelas são as garrafas PET, transformadas em tecido, e os pneus, que viram solado de sapatos. E, nas bijoux,o destaque é para a madeira de reflorestamento.

O preço de ser sustentável
 
Um dos maiores desafios que essa moda ainda enfrenta é o custo de produção, que faz subir os valores das peças para o consumidor. Falta de benefícios fiscais e financeiros para este tipo de produção são fatores que pesam, de acordo com Nina Braga, diretora do Instituto-e, organização com sede no Rio de Janeiro, que faz pesquisas em sustentabilidade ligadas à moda, além de organizar ações ecológicas como mutirões de limpeza na praia.
Para uma moda ser sustentável, podem ser aplicadas várias formas, desde a busca pela redução de resíduos da indústria tradicional até a adoção de práticas sustentáveis em todas as etapas da produção. São algumas delas:
  • Produção com fibras naturais (algodão orgânico, linho, lã, cânhamo) ou com tecidos alternativos, como os feitos com garrafa pet ou de fibra de bambu. 
  • Reaproveitamento de rejeitos de tecidos, couro, jeans ou materiais sintéticos descartados pela indústria. 
  • Ecojoias e biojoias, acessórios produzidos com matérias-primas recicladas ou naturais.Ecobags, bolsas confeccionadas com materiais sustentáveis. 
  • Roupas que que não são mais utilizadas.
  • Slow Fashion, uma alternativa à produção em massa, que vem ganhando força. Foi criado pela inglesa Kate Fletcher, consultora e professora de design sustentável do britânico Center for Sustainable Fashion, inspirado no movimento Slow Food. Assim como em relação à alimentação, incentiva que a termos mais consciência dos produtos que consumimos, retomando a conexão com a maneira em que são produzidos e valorizando a diversidade e a riqueza das tradições regionais e culturais.
  • Tingimento natural, reaproveitamento de cascas de legumes, verduras, frutas e folhas para colorir peças. 
A moda sustentável também trabalha com a valorização de saberes tradicionais, com o resgate de técnicas de costuras manuais e práticas artesanais que agregam valor às peças e ajudam na afirmação da identidade cultural e regional. Outro diferencial que deve ser destacado neste mercado é a inovação das peças. Muitas vezes, o termo é associado a uma estética primária, no entanto, as produções de moda sustentável têm se destacado justamente pelo design funcional e diferenciado.

  Tecido



Os tecidos orgânicos são tecidos que não são utilizados agrotóxicos nem pesticidas, garantindo assim a qualidade do nosso ar, água e solo. Ao serem produzidos não comprometem a saúde dos produtores nem dos animais e não geram danos ao meio ambiente e por serem saudáveis, na sua maioria antialergénicos, são recomendados para pessoas com peles sensíveis.
A indústria têxtil mundial está entre as que mais poluem e criam desperdício no mundo, mas existem algumas tecidos inovadores feitos de materiais estranhos e maravilhosos sendo desenvolvidos. Nos últimos anos tem surgido um interesse cada vez maior sobre a moda sustentável e novas formas de tornar as roupas mais “conscientes”. 
Alguns tecidos sustentáveis:
  • O Econyl é um tecido reciclado da Aquafil que utiliza 100% dos resíduos das redes de pesca feitas de nylon. A inovação tem sido amplamente comemorada por aqueles que estão querendo uma opção de nylon reciclado desde que o poliéster reciclado tornou-se disponível anos atrás. O estilista Kelly Slater usa o tecido Econyl para sua marca Outerknown da mesma foram que a marca espanhola Ecoalf e a italiana Wave-O. O tecido Recyclon é fabricado pela Repreve e é feito de garrafas pet recicladas e é utilizado nas coleções da marca esportiva Patagonia.
  • EcoCircle é um tecido feito de PET à base de plantas. A nova fibra contém 30% da cana, que substitui 30% do óleo necessário para o poliéster tradicional. Teijin, a empresa por trás da fibra, disse que o tecido tem um sistema de reciclagem em circuito fechado no final da sua vida útil. A Nissan é uma das primeiras empresas a usar o tecido para o estofamento do seu carro elétrico Nissan Leaf em 2014.
 
  • Evrnu é uma nova tecnologia inovadora que promete reciclar resíduos de vestuário de algodão para criar uma fibra renovável de qualidade. Mais de 12 milhões de toneladas de resíduos de vestuário são eliminados a cada ano nos EUA. A Evrnu emergiu uma nova forma de pensar sobre a indústria do vestuário e têxtil, por especialistas têxteis que adoram moda. A equipe Evrnu está atualmente trabalhando para trazer a tecnologia para uma escala maior.
  • Seacell e uma fibra derivada da polpa de madeira (Liocel) e algas que, de acordo com o seu fabricante Smartfiber AG, tem propriedades protetoras e anti-inflamatórias na pele, estimulando o metabolismo. É como se suas roupas estivessem vivas! Além do tecido a Seacell tem um colchão cuja tampa removível contém partículas microscópicas de fibra de algas marinhas que ajudam na regeneração celular, segundo a empresa.
  • Lenpur é um tecido biodegradável feito da árvore do pinheiro branco, e “oferece o conforto de seda e o toque de cashmere que dá leveza a roupa.” A Lenpur afirma que é um fibra acima das outras fibras de celulose devido a sua suavidade, sua capacidade de absorção e capacidade de liberar a umidade, e sua capacidade de sustentar uma gama térmica mais elevada para mantê-lo fresco no verão e quente no inverno. O fio de Lenour é usado em roupas, jeans, roupas íntimas, meias e acessórios para casa.
  • Liocel é uma fibra celulósica extraída da polpa de madeira utilizando processos livres de produtos químicos. Os solventes não tóxicos que são utilizados na sua produção são em seguida, reciclados, gerando um processo de fabricação com muito pouco subproduto. (No entanto, parece que ele ainda usa uma tonelada de energia, por isso não é perfeito.) Ele pode ser misturado com outras fibras para criar tecidos como SeaCell (Liocel e alga, mostrado acima) e Hempcel (Liocel e Cânhamo).
  • Tecido de soja é um tecido sustentável 100% biodegradável pouco conhecido e é feito a partir de resíduos de fabricação de tofu. A proteína de soja é liquefeita e, em seguida, esticado em fibras longas, contínuas que são cortadas e processadas como qualquer outra fibra de fiação. Porque a soja tem alto teor de proteína, o tecido é muito receptivo a corantes naturais, por isso não há necessidade de corantes sintéticos. A fibra de soja é macia, delicada e mais resistente que a seda e o algodão, e como é completamente natural, também é biodegradável.
  • tecido de urtiga pode ser o tecido mais sustentável de todos. O tecido de urtiga produz uma fibra têxtil excepcionalmente forte, elástica, suave e naturalmente retardadora de fogo.  

    O uso de urtigas para tecido remonta à Idade do Bronze na Dinamarca, onde as fibras de urtiga foram encontrados em locais de sepultamento.
  • A cultura de algodão comum é a maior utilizadora de agrotóxicos do mundo, provocando a intoxicação e morte de milhares de agricultores, peixes, pássaros, insectos e outros animais, além de poluir o solo, o ar e a água. Por outro lado, o algodão biológico/orgânico é cultivado em solo livre de pesticidas e herbicidas, usando métodos de agricultura biológica, produzindo assim tecidos saudáveis para os humanos e os outros animais sem comprometer a qualidade da nossa água e ar.
  • O algodão biológico ou orgânico além de conter as propriedades e características do algodão comum é ainda antialergénico e biodegradável (demora cerca de 3 meses para se decompor na natureza).
  • Os tecidos de algodão orgânico não devem ser lavados a uma temperatura superior a 40 graus.
  • Seda orgânica  é produzida manualmente, sem utilizar agrotóxicos, e é tingida naturalmente, por meio do uso de pigmentos provenientes da biodiversidade brasileira, como cascas de cebola, folhas de manga e sementes de urucum.
  • Cânhamo é uma fibra natural altamente durável que não requer pesticidas e precisa de pouca água para crescer. Por se tratar de uma fonte renovável, os fazendeiros podem manter plantações de cânhamo ano após ano. As fibras de cânhamo podem ser usadas em vestuário, cosméticos e papéis. Para tornar o cânhamo menos rígido, as fibras geralmente são misturadas com algodão e seda.
Tingimento Natural 

Os corantes naturais são utilizados pela humanidade há mais de 5.000 anos, atingindo o perfeito domínio das técnicas de sua aplicação entre 1.800 a 1.900, entrando em desuso quando a indústria química sintetizou as primeiras anilinas. Há uma variedade de plantas que podem ser usadas para se produzir corantes vegetais.
O uso de produtos naturais reduz a emissão de efluentes químicos - corantes sintéticos e produtos auxiliares nocivos - melhorando a qualidade de vida e atendendo a crescente demanda de produtos fabricados de acordo às normas e conceitos de preservação ambiental e responsabilidade social.

Durabilidade e conservação

Ao trabalhar com tingimentos naturais surgem dúvidas quanto à sua durabilidade e conservação. Dependendo da aplicação,terão comportamentos diferentes. 
Com raras exceções, as tintas vegetais são sensíveis à luz e sempre vão perder um pouco da sua cor. São instáveis, por isso se consegue belíssimas cores de flores e frutos que depois ficam amarronzadas. Portanto, as pinturas feitas com tintas vegetais são frágeis e não devem ficar expostas ao sol. Se não forem tomados os cuidados corretos, pode criar fungos na própria pintura.
Já as tintas de terra não desbotam nunca, mesmo sob um sol forte. Também não apresentam problemas de conservação: nunca criam fungos, nem na pintura, nem na tinta.
O pó de alimentos desidratados e moídos (beterraba, espinafre e açafrão, por exemplo) também podem ser usados na produção de tintas. E as tintas provenientes dos vegetais são líquidas e transparentes. Já as provenientes dos minérios ou pó de alimentos são densas e opacas.
Algumas opções para corantes:

Folhas de eucalipto: amarelo
Casca de eucalipto: verde/marrom
Cascas de maracujá: marrom
Cebola (casca marrom externa sem uso): amarelo
Cascas de nozes (frescas ou secas):marrom escuro
Anil (um vegetal): azul escuro
Cascas de soja preta: violeta-marrom
Grãos de soja preta: cinza prateado
Cascas vermelhas de amendoim:vermelho/marrom
Cascas de manga e caroços ou folhas : amarelo/marrom/laranja
Cascas de milho (variedade vermelha): púrpura
Sorgo vermelho (folhas bem amassadas) :vermelho
Beterraba: vermelho/rosa
Entre outros páprica, laranja, urucum, bixa orellana, cúrcuma, uvas, framboesa, morango, cenoura,amora...

Sustentabilidade nas passarelas

Desde 2010 o tema sustentabilidade já invadiu com glamour as passarelas dos Fashion Weeks de São Paulo e Rio de Janeiro. Nos Eua, a tendência entrou no ano de 2013, durante a New York Fashion Week, onde vários estilistas anunciaram ter assumido o compromisso ecológico, como os estilistas Rogan Gregory, da marca Loomstate, ou Daniel Silverstein, diretor criativo e co-fundador da 100%NY.
Hoje é mais comum vermos nas passarelas a moda consciente. Vejamos algumas marcas que já fizeram coleções e desfilaram a moda "verde":
A Eco Denim, da EcoSimple, é destaque na coleção Verão 2015 da estilista Karin Feller e mostra que a proposta sustentável está alinhada ao conceito de moda. Nesta coleção, utilizaram em sua composição garrafas pet e aparas de malhas, e dispensaram processos químicos para colorir os produtos. Na coleção de Karin Feller, foram usados o Eco Denim Listrado, Eco Denim Liso e Atmosphere.
 
Os estilistas Oskar Metsavaht (à esq.) e Stella McCartney (centro) são ícones da moda sustentável. Já a modelo Gisele Bündchen (à dir.) usou vestido feito à mão e tingido com plantas em um evento em Nova York.
A Iódice continuou com a paixão pela sustentabilidade e criou uma coleção inspirada na Amazônia. A marca doará um real por peça vendida para ajudar famílias do Amazonas, além de contratar artesãos da região. O couro utilizado é sempre feito com base vegetal, nunca com produtos químicos. Já as mini-bolsas eram feitas de pele de pescado. A cortiça também apareceu, em acessórios e sapatos.

A Osklen se inspirou em mergulhos de águas profundas do Rio de Janeiro e do Caribe para compor a coleção. A sustentabilidade está na utilização de algodão orgânico para as malhas e com tingimento natural, desenvolvido por Eber Lopes Ferreira. 

A marca Movimento desenvolveu um projeto social chamado Pernambuco com Design, em que a estilista Tininha da Fonte ensinou durante seis meses mulheres de pescadores de uma colônia perto da praia de Boa Viagem a costurar biquínis e maiôs. Além disso, a matéria prima utilizada nas peças foi a pele de peixe, de pescados e tilápias da região e pescados muitas vezes pelos maridos das costureiras.

A Maria Bonita se inspirou no nordeste para reaproveitar lâminas de madeira de reflorestamento. Posicionadas como mosaicos em cima dos tecidos ou até trabalhadas com resinas, o material deu um formato diferente às peças. Outro material utilizado foi a palha, usada para fazer detalhes em croche em várias peças.
 

Alexandre Herchcovitch utilizou na passarela masculina o EcoSimple. O tecido é resultado de um processo que reutiliza resíduos de fábricas da indústria têxtil, separados por cores por famílias carentes de Blumenau. O material passa por um processo de desfibragem, em que se torna fibras, que serão fiadas e tecidas novamente. O processo é livre de produtos químicos.

Ronaldo Fraga utilizou mão de obra de artesãs de vários estados diferentes, incentivando novos ofícios para mulheres ajudarem na renda familiar. As rendas que acompanharam vários vestidos, blusas e saias foram feitas na Paraíba e os bordados foram feitos em Minas Gerais e Pernambuco.
Para finalizar o assunto (rsrs), deixo aqui este video da palestra de Chiara Gadaleta, cujo tema é " MODA SUSTENTÁVEL: UTOPIA OU REALIDADE?".

Espero que eu tenha colaborado e em resumo trazer o que vem a ser sustentabilidade na moda, ela caminha junto com a reciclagem, porém existem fatores que as diferenciam.
Sustentabilidade é manter o equilíbrio dos recursos naturais, e do meio ambiente e se utiliza dos recursos que a natureza oferece de maneira consciente, sem prejudicar como dito no inicio. E a reciclagem é reaproveitar materiais orgânicos e inorgânicos para serem utilizados novamente: transformar, processar os materiais inorgânicos como: garrafas de vidro e plásticas, latas de refrigerante, entre outros e reutilizados novamente. 


Fontes de pesquisas:

http://alepoleti.wixsite.com/modasustentavel (ESTE SITE FOI FEITO EXCLUSIVAMENTE PARA O PROJETO INTEGRADOR DA FACULDADE SENAC)
http://www.exame.abril.com.br/pme/noticias/tecido-ecologico-ecosimple-atrai-estilistas-591727


Nos siga nas redes sociais aqui ao lado e pensem, pesquisem e comprem consciente.

Até a próxima, @alepoleti  ;) 

You Might Also Like

0 comentários