História da indumentária barroca

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Escrito por Alessandra Poleti
“Barroco é nome do estilo que dominou a moda, as artes decorativas e as belas artes ao longo do século XVII e no início do século XVIII”.
A estética barroca é claramente vinda do renascimento e se manteve entre os anos de 1600 a 1700. É considerada a época da evolução natural da renascença e é caracterizado como período da revolução científica e da inovação. A busca pela verdade escondida pelo conhecimento dos segredos da natureza, fez do homem um grande observador e passou a sistematizar com muito rigor as suas experiências. Nomes como Bacon, Galileu, Newton e outros fizeram do século XVII um verdadeiro período de transformação intelectual.

 
Um dos cômodos do Château Versailles

Este período foi um movimento artístico filosófico da Europa, muito carregado pela arte, extravagância, drama, desenho curvilíneo, esplendor e rigidez, tem a figura de Luís XIV, o Rei do Sol, como o grande ditador de moda da época, encorajando a corte a seguir suas extravagâncias e levando muitos à falência. Um período de reforma protestante e de desenvolvimento monárquico absolutista.
Grande influenciador nas artes, deixou de ser apenas da Itália e expandiu por toda a Europa e Ocidente, um estilo chamado de luz e sombra, muito expressivo em suas pinturas e arquitetura sempre buscava retratar a emoção humana e nomes como Rubens, Velázquez, Caravaggio e Rembrandt dentre outros difundiram este estilo.

O termo “barroco” foi cunhado no século XIX por historiadores de
arte, com sentido pejorativo, de depreciação do que consideravam
um estilo grotesco e vulgar. Ao longo do tempo, a visão negativa se
diluiu. Hoje o barroco é geralmente visto como um período de
ornamentação suntuosa, formas curvilíneas, tecidos pesados e
ostentação em tons sombrios. (MACKENZIE, 2010, p. 16).

Na vestimenta, há a volta do desconforto e formas bem marcadas. Na primeira metade do século XVII, a Europa passou pela Guerra dos Trinta Anos (1618-1648); e no que diz respeito à moda, não havia uma corte capaz de ditar modos e modas, antes mesmo do reinado de Luís XIV, o Rei Sol (1643-1715). A Holanda com seus burgueses ricos ainda recebia muita influência espanhola e juntamente com o protestantismo local, continuaram a usar o preto com muita austeridade.

Rainha Elisabeth I
 
O rufo continuou sendo usado e, na realidade, acabou ficando ainda maior. O rufo era uma espécie de colarinho plissado, utilizado como uma roda em torno do pescoço. Dava um aspecto de cabeça erguida e um ar de arrogância, o que o tornou popular entre a nobreza europeia. Fazia parte tanto do vestuário masculino quanto feminino. Era usado ainda no século XVI, porém sua forma evoluiu durante os períodos, passando de estreito e fechado ao redor do pescoço, a amplo e aberto, como em forma de “U”. Ao final do período Barroco, evoluiu para uma renda plissada ao redor do decote, no caso do vestuário feminino.


Por sua grande vaidade, ao subir ao trono, Luís XIV sua missão era de governar a França sem nenhuma limitação imposta pela constituição ou pela legislação. Sua famosa frase: “L’etat c’est moi” (eu sou o estado) definia toda a sua personalidade. Se considerava representante de Deus na Terra, assim como outros reis. Proclamado como “Le Roi Soleil” (o Rei Sol) acreditava que, além do sol simbolizar a vida, o sol também era símbolo de ordem e rigor.

Apesar do seu discurso político e sua missão, foi considerado um rei muito carismático, vaidoso e incentivador das artes. Responsável pela construção do Château de Versailles, grandioso e decorado, marcou fortemente um período com as suas características e também criou o que podemos considerar de regras de etiqueta, hábitos que até hoje usamos no nosso cotidiano.
O rei Luís XVI foi de tão importância, que a partir de seu reinado paris impôs na Europa com novos padrões de boas maneiras, comportamento e a moda, sendo ele então considerado o primeiro “formador” de uma escola de moda, pois passou a ser uma espécie de ditador de moda da época influenciando e revolucionando costumes. A moda então começa a ser moda.

Ainda que fosse conhecido pelo mau odor que exalava devido à falta de banho, o rei era extremamente preocupado e zeloso com a sua aparência. Era baixinho por isso era adepto dos saltos altos, sua marca registrada e copiado pela corte. Quando começou a ficar careca, sempre ostentava uma vasta cabeleira artificial, suas perucas viraram moda durante anos. Vestia-se de uma maneira muito luxuosa, com tecidos nobres e acabamentos ricos em detalhes. Perfumes, saltos altos, gastronomia, salão de cabeleireiros e criadores de moda são algumas das heranças deixadas por ele. O que hoje intitulamos tendência de moda foi implementado por um vaidoso rei que queria se diferenciar dos simples súditos para ser reverenciado como o sol.
Já nas vestimentas masculina, o gibão se ampliou e se alargou nos culotes além de terem crescido até abaixo dos joelhos. O destaque vem para os nobres, que usavam roupas com muitos elementos, adornos e tecidos bem texturizados.

A renda estava muito em evidência em punhos e golas, tanto para homens quanto para mulheres.
Para o sexo masculino era muito comum as botas, que eram adornadas em seus canos com magníficas rendas. Estas que de início eram só para montaria, ganharam também o caráter de moda. Foi a França dos Mosqueteiros e a Inglaterra dos cavaleiros. A principal inovação para o vestuário masculino, além das perucas, foram a adoção do conjunto de três peças: casaco, colete e calções, baseado no vestuário tradicional persa e que seria o precursor do terno moderno. As meias de seda obviamente eram indispensáveis.
Como chapéus, os ingleses o usavam de copa alta e abas longas ao passo que dos franceses já eram de copa baixa e abas largas.
Por volta de 1680, os excessos começam a perder espaço em favor de um aspecto de esplendor e por influência oriental, os homens começaram a usar uma espécie de túnica longa que, com o tempo, foi se encurtando e se transformou na veste que, mais adiante de origem ao colete.
Bartholomeus Van Der Helst e esposa
 
No vestuário feminino, a silhueta feminina não se alterou muito em relação ao século XVI, os detalhes decorativos perderam leveza e simplicidade e passam a serem ricos e mais formais, trazendo também todo esplendor como no masculino.
 
Sapato feminino

Os vestidos do início, continuavam a moda do século XVI. As saias eram moldadas por armações, as mangas eram bufantes e cheias, cobrindo completamente os braços. Por volta de 1620, o estilo começou a mudar visivelmente, as mangas encurtaram, marcando a primeira vez em que os braços das mulheres eram visíveis em centenas de anos da história do vestuário europeu. Então, usava-se uma camisa rendada de mangas longas por baixo e as saias passaram a revelar anáguas (sob saias amplas utilizadas para dar volume, decoradas com rendas e babados) devido ao comprimento (encurtamento da saia) ou abertura frontal.

As cinturas eram finas, marcadas pelo uso de um corpete apertado porém não havendo uma demarcação “tão precisa” na cintura, pois as camponesas ou donas de casa necessitavam de um conforto a mais. Os tecidos também eram luxuosos e caros, predominando as cores como o vermelho, marrom, preto, dourado e azul escuro, todavia, apareciam cores mais claras como o rosa, o azul céu e o amarelo pálido. Os tecidos mais utilizados foram o veludo, a renda, brocado e o linho para os rufos.  Uma vestimenta com cores escuras na maioria dos países por onde este período se passou, mas havia também o contraste com os tons claros, relembrando assim as artes.

 Mantua – vestido usado pela Rainha Elizabeth em sua coroação

Ao final do século XVII, as mulheres vestiam a mântua: uma sobreveste simples em forma de “T”, que ia dos ombros ao chão, com a saia presa nas laterais dando o aspecto de uma cauda longa, de cor própria ou contrastante. Para completar o visual, corpetes em silhueta V e decotes mais fechados, que cobriam os ombros, e o rufo, cobrindo o colo.
Na cabeça, as mulheres ainda não usavam perucas, porém, adornavam-nas com um penteado denominado à la Fontange - nome originado de uma das preferidas de Luís XIV - uma espécie de penteado com ares de despenteado, preso por fitas. Com o tempo incrementaram com rendas, toucas e armações de arame para manter de pé um volume tão alto.

 Madame de Sevigne

Um complemento muito curioso de uso feminino foram as chamadas mouches de beauté (moscas de beleza) que vigoraram na segunda metade do século XVII. Tinham o aspecto de pintas, porém, eram feitas de seda preta em desenhos inusitados que continham um material colante por trás para serem aplicadas sobre o rosto. Com relação aos símbolos, podiam ser dos mais variados possíveis tais como meia luas, estrelas e corações. O efeito obtido era de charme e servia para acentuar a expressão facial. Foi a pura essência dos excessos do Barroco.
 

“O pitoresco passou a ser uma marca registrada para ambos os sexos no que diz respeito à moda do Barroco”.

Barroco Inspiração


Barroco inspira Editorial
Magazine Ft How To Spend It, editorial: Ornate Expectations, fotográfo Andrew Yee.

Fontes de pesquisas         
http://www.modadesubculturas.com.br

E então, o que acharam de conhecer um pouco mais da indumentária Barroca?

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Beijos e até terça,

@alepoleti 

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